domingo, 1 de novembro de 2009

EU ME RENDO!





EU ME RENDO!
Eu me rendo, à sabia natureza que cria
e transforma sabendo o exato
momento que adormecer, precisa e
em seus leitos imprecisos, não
importa, num pactual instante
acorda...os seus filhos.
Rompem-se, então as bolsas.
Expulsos são os fetos num parto
natural, silente e belo.
Da placenta esterca-se a terra,
serpenteia o rio, crescem as
flores...basta um olhar, de
descoberta.
Eu me rendo ao mirar as flores,
quais aquarelas multicores,
matizadas...todas elas , já entregues,
batizadas.
E dão se as mãos margaridas, rosas,
jasmins, camélias...para enfeitar-nos
os jardins da vida.
Em outro olhar...as matas que
nossas florestas escondem,
onde a fauna e flora se entendem e
obedecem a ordem natural da mãe.
As clareiras nos instigam a chegar
mais perto,
tamanha beleza e realeza das
simples flores rastejantes, aos
nossos pés.
E, devagar, com carinho , bem de
mansinho , caminho... respeitando-as
no meu andar.
E o meu olhar delirante vê colibris
deslumbrantes, borboletas,
vaga-lumes quais estrelinhas,
piscando aqui e lá.
Um pouco além dessa estrada, nova
brisa, novo ar.
É o canto dos passarinhos que saem,
ou, retornam aos ninhos para o
dia, a noite entregar.
É o cicio das cigarras querendo
avisar à mata que a a chuva pode
chegar.
É o burburinho da fonte, nascente de
um novo rio que irá desaguar no
mar.
É a deslumbrante cachoeira que
desce passando rasteira,
desvirginando a grota,
menstruando, sem licença, gotículas
de sua beleza imensa, em nossas
faces e olhar.
Ah! eu me rendo! Me rendo sim.
Ao mar calmo ou bravio, ao céu que
inimagináveis situações se nos
interpõe...
Será? Será se está lá o meu lugar
e, se lá moram os que quero encontrar?
Rendo-me aos movimentos da terra,
de translação e rotação, criando as
estações , as noites e os dias.
Rendo-me à lua, majestosa e aos
eclipses maravilhosos...Que fantasia!

Rendo-me a toda arte que faz de toda
e qualquer parte a parcela principal.
Rendo-me a Deus, a Jesus que por
nós morreu na cruz, acredite você,
ou, não.
Rendo-me, enfim, aos poetas
e seresteiros, aos amantes por inteiro,
ao amor que passou e ao que está
por vir.
À paixão que virou amor e por isto,
se consolidou, ah!
Eu me rendo, me rendo, sim!
À poesia que existe em mim. Que me
transforma, enriquece, enobrece o
meu coração.
E ao que mais me rendo agora, se
lhe feri, meu querido amigo,
sem demora, eu lhe peço agora, o
seu perdão.
Pois assiste-me o amor à alma, que
quer voar com leveza, guardando
toda a beleza da vida que vivi...
Até agora!
(Cida Valadare)

Nenhum comentário:

Postar um comentário